terça-feira, 3 de junho de 2014


SIMPLESMENTE CHUVA
 

                                   Chove.

                                   E se eu fosse a água que lá fora

                                   inverte a meta que eu quero

                                   e busca o chão?

                                   Talvez pudesse, em cada fio

que vem depois se transformar

em rio

buscar o oceano dos teus pés

e descobrir quem és...

Evaporar-me no calor de

tua mão

ou penetrar nos rumos

de tua pele

e aguardar que, enfim,

tu te reveles

me mostrando como és por dentro

- razão lá longe –

coração no centro

a irradiar toda e qualquer

emoção

Ou quem sabe até, eu descobrisse

que toda vez que você risse

escondesse um pranto

no canto

do teu peito em desencanto.

Mas pode ser, até que a maldade

que tu, às vezes, com certo disfarçar

viesse à tona

e encerrasse a farsa.

Chove.

E enquanto a chuva não passa

eu espreito, infeliz, pela vidraça

do teu olhar doce e

indiferente

que nem notou que eu também

sou gente

e que me fita como se eu fora

transparente.

Talvez porque, tal qual a própria chuva

que vai e vem, no tremular das horas

tu mostras ao mundo

não contendo o estio

que tal qual ela, chora...

mas sendo sempre frio!...

                                   Linda Brandão Dias

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