SIMPLESMENTE CHUVA
Chove.
E
se eu fosse a água que lá fora
inverte
a meta que eu quero
e
busca o chão?
Talvez
pudesse, em cada fio
que vem
depois se transformar
em rio
buscar o
oceano dos teus pés
e descobrir
quem és...
Evaporar-me
no calor de
tua mão
ou penetrar
nos rumos
de tua pele
e aguardar
que, enfim,
tu te
reveles
me mostrando
como és por dentro
- razão lá
longe –
coração no
centro
a irradiar
toda e qualquer
emoção
Ou quem sabe
até, eu descobrisse
que toda vez
que você risse
escondesse
um pranto
no canto
do teu peito
em desencanto.
Mas pode
ser, até que a maldade
que tu, às
vezes, com certo disfarçar
viesse à
tona
e encerrasse
a farsa.
Chove.
E enquanto a
chuva não passa
eu espreito,
infeliz, pela vidraça
do teu olhar
doce e
indiferente
que nem notou
que eu também
sou gente
e que me
fita como se eu fora
transparente.
Talvez
porque, tal qual a própria chuva
que vai e
vem, no tremular das horas
tu mostras
ao mundo
não contendo
o estio
que tal qual
ela, chora...
mas sendo
sempre frio!...
Linda Brandão
Dias
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