Entre a morte e a vida escolhi o sonho...
Porque
no lirismo da sensibilidade que me move
ascendo
a regiões que ultrapassam
os limites do limitado.
E se os pés tocam a terra o espírito é capaz de
voar
pelo
grande além de dentro
ao encontro da chama etérea
que
flui pelo infinito desde o sempre...
E porque nos acordes da mística que me enleva,
transcendo
da argila que sou
para
encontrar-me esplêndida e volátil
na fluidez do oráculo dos
tempos
pelo
através dos pórticos do espaço...
E a quem me acuse estranha
e a
quem me estime alheia
resta-me
o tempo a demonstrar quem sou...
Eu sou alguém que em versos cristaliza
todo
o conceito eterno da alma humana
a
não caber no lastro em que se estreita
porque
transcende à vida soberana...
Eu sou alguém que vaga entre os arcanos
das
divinas epopeias, pelas eras,
no sereno alargamento das idéias
entre emoções dionisíacas de
busca...
E a perscrutar por meio a ocasos vários
nos
submersos sonhos do universo
uma
certeza, discreta que ainda o homem,
saltando
os muros longínquos deste mundo
descobrirá que para além do abismo
se
encontrará, sutil, consigo mesmo...
Talvez
na orquestração sinfônica da brisa
quem
sabe, até, no bailado elegante das folhagens...
mesmo, talvez, no badalar sonâmbulo dos sinos
diria,
até, no ventre luminoso das estrelas
ou,
quem sabe, na elegância vermelha de um poente
desde
a alma sutil das águas e das flores
até chegar ao cântico disperso
todo
tecido em filigranas várias
da
eterna música que flui das coisas
para
compor a orquestração do mundo,
ou possa o homem por fim sobrepor-se
à
pequena visão que acaba ali,
tão
sempre plena dos eternos que se findam
tão
sempre cheia de perpétuos que fenecem...
e o homem possa
ao cinzelar, sutil mas forte,
a
estátua esguia do seu próprio destino
redescobrir
o sonho e a alegoria
pelas searas urdidas de auroras
deixar por toda a parte o seu vestígio
ao
escrever nas páginas da história
a
sensação de conservar-se humano
e,
ao mesmo tempo, se saber divino...
(Linda
Brandão Dias)
"Talvez na orquestração sinfônica da brisa
ResponderExcluirquem sabe, até, no bailado elegante das folhagens..."
Que sensibilidade!